No segundo dia de trégua em Gaza, Hamas deve libertar 14 reféns, e Israel soltará 42 palestinos

Neste sábado (25), segundo dia de trégua na Faixa de Gaza, a expectativa é que o grupo terrorista Hamas liberte reféns, e Israel solte 42 palestinos detidos nas prisões do país.  As mortes no conflito já chegam a 13.702 – 1.402 do lado israelense e 12.300 na Faixa de Gaza, segundo o governo do Hamas – os números não puderam ser verificados de forma independente.

O primeiro acordo de cessar-fogo desde o início da guerra prevê libertação de 150 palestinos presos em Israel e 50 reféns do Hamas. A trégua de quatro dias começou às 7h de sexta-feira (24) –  2h, no horário de Brasília. Reféns foram libertados mais de nove horas depois. Na Faixa de Gaza, o Itamaraty aguarda autorização para repatriar 86 pessoas que estão no território.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) publicaram um vídeo neste sábado de pessoas sequestradas pelo grupo terrorista Hamas. Não foi confirmado, no entanto, se as imagens correspondem às pessoas que devem ser libertadas nesse segundo dia de trégua.

O porta-voz do exército israelense, afirmou à agência Reuters que, durante a trégua de quatro dias com o Hamas, a corporação continua a preparação para os próximos estágios da “operação em Gaza”.

Declarações semelhantes já foram dadas pelo governo israelense nos últimos dias, enquanto o acordo de trégua era costurado. Autoridades do país também garantiram que a guerra vai continuar não só para trazer de volta todas as pessoas sequestradas, mas para “eliminar o Hamas e garantir que não exista nenhuma ameaça para o Estado de Israel vinda de Gaza”.

Israel, no entanto, garantiu que daria um dia a mais de trégua a cada dez reféns adicionais que o Hamas libertar, além do número inicial de 50 pessoas. No total, o grupo terrorista sequestrou cerca de 140 reféns.

Reféns e priosioneiros libertados

Depois de quase sete semanas em cativeiro, 24 reféns sequestrados pelo Hamas no dia 7 de outubro foram libertados nesta sexta. Em troca, Israel soltou 39 prisioneiros palestinos, completando a primeira fase do acordo de cessar-fogo temporário que interrompeu os combates na Faixa de Gaza.

Foram 13 reféns israelenses – todas mulheres e crianças – inicialmente transferidas para o Egito antes de serem devolvidas a Israel. Quatro eram crianças pequenas, e a maioria das nove mulheres tinha mais de 70 anos. Além disso, dez tailandeses e um filipino também foram soltos – eles eram trabalhadores agrícolas que viviam no sul de Israel.

O início da trégua de quatro dias levou esperança para as famílias dos reféns, um breve alívio para os habitantes de Gaza castigados pela guerra e um ligeiro sentimento de otimismo sobre o futuro do conflito. Israel e Hamas afirmaram que respeitarão o acordo, mas, no passado, muitas tréguas fracassaram., Além disso, ambos os lados sinalizaram que pretendem continuar os combates quando a pausa expirar.

Outros reféns devem ser libertados neste sábado e nos próximos dois dias, totalizando 50 pessoas.  A troca foi intermediada por Catar, Egito e Estados Unidos. O presidente americano, Joe Biden, disse acreditar que exista “possibilidades reais” de se estender o cessar-fogo. “É apenas o começo, mas até agora tudo vai bem”, disse.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que seu objetivo era liberar todos os reféns capturados pelo Hamas, que no seu ataque deixou 1,2 mil mortos em Israel, em sua maioria civis. “Estamos decididos a trazer de volta todos os nossos reféns”, disse.

Em troca dos 13 reféns libertados, 39 mulheres e adolescentes palestinos saíram de prisões israelenses ontem, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Catar. A maioria é de Jerusalém Oriental e das cidades de Nablus e Ramallah, na Cisjordânia. Em frente à prisão de Ofer, uma multidão recepcionou os prisioneiros.

Os reféns israelenses foram entregues pela organização humanitária Crescente Vermelha a soldados israelenses, que receberam orientações de como tratá-los. Eles foram encaminhados a hospitais.

Segundo o contra-almirante Daniel Hagari, principal porta-foz das Forças Armadas de Israel, os exames médicos iniciais dos reféns mostraram que eles não enfrentam emergências médicas com risco de vida, mas seriam submetidos a exames adicionais.

Os menores de 12 anos foram recebidos na fronteira por suas famílias. Os mais velhos encontraram seus parentes nos hospitais, onde também foram informados pelos serviços de segurança sobre a situação atual na Faixa de Gaza. Doze das recém-libertadas estavam entre as cerca de 75 pessoas sequestradas do kibutz Nir Oz. A outra israelense estava entre as pessoas que foram levadas do kibutz Nirim.

Reencontro com as famílias

Uma das reféns israelenses soltas ontem foi Doron Katz Asher, de 34 anos, com suas duas filhas, de 4 e 2 anos. Elas foram sequestradas com a mãe de Doron, Efrat Katz, de 67 anos. O marido de Doron se comunicou com ela no dia do ataque, quando ela disse a ele que havia terroristas dentro da casa de sua mãe, onde estava hospedada.

Mais tarde naquele dia, ele viu os membros de sua família num vídeo publicado nas redes sociais, que os mostrava elas sendo conduzidas na traseira de uma caminhonete pelos terroristas. Rastreando remotamente o telefone de sua mulher, Asher viu que o dispositivo foi levado para Khan Younis, cidade no sul de Gaza, e, desde então, não tinha tido mais notícias suas.

Entrada de ajuda humanitária 

O porta-voz do posto de fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, Wael Abu Omar, informou que caminhões foram autorizados a entrar no enclave com ajuda humanitária e combustível, assim que teve início a trégua dos combates para a libertação dos reféns pelo Hamas.

O Escritório de Coordenação para Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU anunciou que 137 caminhões com ajuda humanitária haviam sido descarregados no ponto de coleta da agência ontem. Essa foi uma das maiores entregas de assistência ao enclave desde o início da guerra.

Os bombardeios israelenses em resposta ao ataque do Hamas, em 7 de outubro, devastaram o território palestino e deslocaram 1,7 milhão dos seus 2,4 milhões de habitantes, segundo a ONU, que denuncia uma grave crise humanitária.

A população encontra-se submetida desde 9 de outubro a um “cerco total” por parte de Israel, que cortou os fornecimentos de comida, água, eletricidade e medicamentos.

A trégua deve permitir agora a entrada de um maior número de comboios humanitários e de ajuda, incluindo combustível, segundo explicou o Catar, um dos mediadores do acordo de troca de prisioneiros entre Israel e Hamas.

Israel concordou em permitir a entrega de 130 mil litros de combustível por dia para Gaza durante a trégua. O combustível é essencial para o fornecimento de energia aos hospitais do território.

A principal agência de desenvolvimento dos EUA fez um apelo para um rápido aumento da assistência humanitária para Gaza a longo prazo, chamando a ajuda de “urgente e imperativa”.

A chefe da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), Samantha Power, emitiu um comunicado na quinta-feira (23). “Com 1,7 milhão de pessoas em Gaza deslocadas internamente e praticamente todos os 2,3 milhões de habitantes necessitando de ajuda, a escala das necessidades humanitárias em Gaza é impressionante”, escreveu Power. “É urgente e imperativo que sejam criados mecanismos duradouros para acelerar significativamente o ritmo da ajuda sustentada a Gaza”, completou.

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