União Brasil e PP escancaram que devem romper de vez com Lula

Novo leviatã do Centrão, a federação União Progressista (União Brasil + PP) escancarou nesta quarta-feira (11/6) que deve romperá de vez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As siglas fizeram uma declaração conjunta anunciando que seriam contra a Medida Provisória (MP) com medidas arrecadatórias para substituir o reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que sequer foi enviada.

O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, afirmou que o estatuto da federação deve ser fechado no dia 9 de julho. Em seguida, discutirão a proibição de qualquer filiado participar do atual governo. A fala foi aplaudida por parte da bancada que acompanhava o discurso, mas sem reação expressa do presidente do União Brasil, Antônio Rueda, cujo partido tem três ministérios na Esplanada.

Nos bastidores, caciques de ambas as siglas afirmaram ao Metrópoles que avisaram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se pronunciariam publicamente contra a MP. Deram o recado de que a sequência seria seria um desembarque do governo Lula, segundo esses líderes do Centrão, foi claro. Na prática, a federação, que tenta se colocar como uma força de centro-direita, usou a crise do IOF para marcar posição política.

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Antonio Rueda, presidente do União Brasil, discursa contra medidas alternativas ao IOF

Augusto Tenório/Metrópoles

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Presidente do União Brasil, Antônio Rueda

BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

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Bolsonaro esteve em Angra com aliados

Reprodução

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Senador Ciro Nogueira (PP-PI)

KEBEC NOGUEIRA/ METRÓPOLES @kebecfotografo

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O senador Ciro Nogueira e o governador Tarcísio de Freitas

Reprodução/Instagram

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Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI)

Hugo Barreto/Metrópoles

Alas minoritárias das legendas demonstram interesse em permanecer com representação no governo, principalmente os parlamentares do Nordeste. Mas o ímpeto de romper relações com o Planalto e assumir uma postura de independência é majoritária. O cálculo das legendas é que o presidente Lula não terá tempo, orçamento ou auxiliares capazes de reverter seu quadro político de desaprovação, principalmente após um turbulento início de 2025.

Somente no primeiro semestre deste ano, avalia o Centrão, a própria Esplanada criou três problemas para o próprio governo: a crise do Pix no início do ano, com falhas na comunicação e recuo na medida; o escândalo das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que na avaliação do Congresso, poderia ter sido diferente se a divulgação fosse melhor planejada; e a medida do IOF, vista como mais um aumento de imposto.

O desembarque pode complicar a vida do governo no Congresso. Juntos, União e PP somam 109 deputados e 13 senadores, se tornando a maior bancada da Câmara e a terceira do Senado. Apesar de serem aliados de Lula, os partidos não seguiam a orientação do Planalto em temas ideológicos, mas ajudavam em pautas econômicas.

Enquanto isso, o União Brasil tem o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, como pré-candidato à Presidência da República. Já Ciro Nogueira é cotado como vice, seja do gestor goiano ou de outra candidatura da direita que a federação venha a apoiar. O presidente do Progressista foi ministro da Casa Civil no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os ministérios do União e PP

O União Brasil conta com três ministérios: Comunicações, com Frederico de Siqueira Filho; Turismo, com o deputado licenciado Celso Sabino; e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes, nome da cota pessoal do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. A sigla ainda comanda outros órgãos de interesse político, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Já o PP conta apenas com o Ministério do Esporte, comandado pelo deputado licenciado André Fufuca. O partido também tem a presidência da Caixa Econômica Federal, com Carlos Vieira Fernandes, indicado em 2023 pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira.