Surdos defendem Libras como segundo idioma oficial do Brasil

Rio de Janeiro - Tradução em Libras de encenação com temática inclusiva no lançamento de mais uma turma do projeto Agentes de Promoção da Acessibilidade, da ONG Escola de Gente, na Biblioteca Parque da Rocinha (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O presidente da Associação dos Surdos de São Paulo, Jorge Rodrigues, disse que a Língua Brasileira de Sinais (Libras), como qualquer outra, “tem um sistema todo, com regras gramaticais, com sintaxe, tudo”. A afirmação foi feita por ocasião do Dia Internacional da Língua de Sinais, celebrado nesta quinta-feira (23). A data foi estabelecida em 2017 pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

“É por meio dela que a gente se expressa plenamente, interage com as pessoas surdas, conserva a nossa história enquanto comunidade, sem isso a gente não tem nada”, acrescentou. A data busca conscientizar sobre a importância dessa forma de comunicação, fundamental para a inclusão da comunidade surda.

Em 2002, a Libras foi reconhecida pela Lei  nº 10.436 como meio legal de comunicação e expressão. “Agora a nossa luta é fazer com que a PEC [proposta de emenda à Constituição] 12/2021 seja aprovada para que a Libras seja reconhecida como segunda língua oficial do Brasil”, defende o presidente da associação. 

O país tem quase 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Jorge nasceu surdo por causa da rubéola contraída pela mãe durante a gestação. Ele diz que a exclusão é constante na vida de pessoas surdas. “As pessoas não querem contratar surdos, pois existe o estereótipo de que o surdo é incapaz de fazer qualquer coisa”.

Jorge lembra que o preconceito pode ser combatido se mais pessoas aprenderem a língua. “Acho que o maior entrave é a falta de incentivo para que a Libras seja inserida na grade curricular das escolas e faça a inclusão acontecer. Sem isso, as pessoas não saberão sobre Libras, sobre as pessoas surdas, sobre as nossas lutas”, acredita.

O professor Eduardo Pereira Silva, do curso de Libras do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) São Paulo, concorda que o conhecimento da língua deveria ser mais disseminado no Brasil. Ele cita algumas medidas que seriam necessárias: “ampliar a oferta de empregos para a comunidade surda, ter escolas bilíngues, com professores surdos, além da obrigatoriedade de intérpretes em faculdades, hospitais e eventos”. 

Edição: Graça Adjuto

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