Sete trabalhadores foram resgatados pela Polícia Civil da Bahia enquanto viviam em condições análogas à escravidão em uma fazenda localizada na zona rural de Guaratinga, no extremo sul do estado. A operação foi conduzida por agentes da Delegacia Territorial de Itabela após uma denúncia anônima que revelou a realidade de trabalho degradante enfrentada pelas vítimas.
De acordo com a Polícia Civil, os trabalhadores estavam submetidos a jornadas exaustivas, moravam em uma estrutura precária, sem acesso a banheiro, água potável ou alimentação adequada. Além disso, sofriam restrições de locomoção, o que impedia a busca por atendimento médico.
“Um dos trabalhadores conseguiu contato com um familiar, relatando as condições a que estavam sendo submetidos. Diante disso, a delegacia foi acionada e iniciamos, de imediato, as diligências para localizar a propriedade rural. Com o resgate das vítimas, seguimos agora com as investigações para identificar e responsabilizar os envolvidos nesse crime”, afirmou o delegado Robson Domingos.
Segundo depoimentos, itens básicos como luvas, botas, colchões, garrafas de água e até cestas de alimentos eram cobrados pelo proprietário da fazenda. Além disso, os trabalhadores tinham que reembolsar o valor das passagens usadas no início do contrato, acumulando dívidas que os impediam de deixar o local antes do fim da colheita do café.
A moradia fornecida era uma casa de madeira com apenas dois quartos e sem instalações sanitárias. Um dos trabalhadores, que também atua como pedreiro, improvisou um banheiro, já que o grupo usava o mato como única opção. Nos fundos, uma fossa a céu aberto exalava forte odor de fezes, aumentando ainda mais a insalubridade do ambiente.
Três dos resgatados se identificaram como indígenas da Aldeia Bahetá, pertencente à etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe, localizada no município de Itaju do Colônia. O caso foi imediatamente comunicado ao cacique da comunidade e às autoridades responsáveis. Após o resgate, todos os trabalhadores foram encaminhados ao município de Itabela, onde receberam cuidados médicos, alimentação e assistência social para que retornem com segurança às suas casas. As investigações seguem em andamento para responsabilizar os autores desse crime.