Uma marcha fúnebre percorreu as ruas de Buenos Aires na terça-feira em memória do procurador Alberto Nisman por ocasião do sétimo aniversário de sua morte, que continua sendo investigada pelos tribunais da Argentina.
O procurador chefiava as investigações do atentado terrorista contra a sede da Associação Mutual Israelita de Buenos Aires (Amia), ocorrido em 1994, e foi encontrado morto, em 2015, dias depois de anunciar que denunciaria formalmente o governo da então presidente Cristina Kirchner por suposto conluio com o Irã para acobertamento do caso.
Vestidos com roupas pretas e carregando velas e lanternas, algumas dezenas de cidadãos se reuniram no centro da capital e se dirigiram ao conjunto residencial Le Parc, no bairro de Puerto Madero, onde fica o apartamento em que o procurador morava e onde foi encontrado com um tiro na cabeça.
A manifestação, no entanto, não reuniu tantos participantes como nos primeiros aniversários.
Por sua vez, a Delegação das Associações Israelitas Argentinas (DAIA), que nesta ocasião não organizou nenhum ato presencial de homenagem devido ao avanço da pandemia, publicou um vídeo em suas redes sociais para lembrar o falecido procurador.
“Eu estava com Alberto Nisman três dias antes de sua morte. Nisman não era suicida. Nisman era um investigador entusiasmado. Nisman não cometeu suicídio”, garantiu o presidente do DAIA, Jorge Knoblovits.
Nisman foi encontrado morto em 18 de janeiro de 2015 no banheiro de seu apartamento, horas antes do horário marcado para comparecer perante o Congresso para explicar a denúncia que havia feito quatro dias antes contra a ex-presidente (2007-2015) e atual vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
O procurador especial do caso que investigava o ataque à Amia, que em 1994 deixou 85 mortos em Buenos Aires, denunciou Cristina e outros membros de seu gabinete pelo suposto acobertamento dos iranianos acusados do atentado terrorista contra a associação israelita, por meio de um memorando de entendimento firmado entre Argentina e Irã em 2013.
Quase sete anos depois, no último dia 7 de outubro, o Tribunal Oral Federal 8 julgou por unanimidade o caso, considerando que o memorando “não constitui crime”.
Já a morte do procurador, inicialmente investigada como suicídio, foi classificada como “homicídio” pela Justiça Federal em junho de 2018, mas sem determinar quem teria cometido o crime.
Atualmente, o caso se concentra em analisar as dezenas de milhares de ligações que foram realizadas nas proximidades do apartamento de Nisman horas após sua morte.