O professor de educação física Glenn Colmer, 51 anos, descobriu que só tinha 10 dias de vida por conta de um grave câncer no cérebro depois de ignorar os sintomas da doença. Enquanto o tumor progredia silenciosamente em 2024, o inglês teve dores de cabeça, tontura e fadiga.
Ele chegou a atribuir os sintomas aos óculos que usava e já estavam velhos, ou a um reflexo normal do envelhecimento. Em 18 de fevereiro de 2025, porém, Glenn teve uma convulsão súbita que revelou o elevado e inevitável progresso dos tumores. O professor morreu 10 dias depois.
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Mesmo com leve incômodo frequente, Glenn manteve o ritmo de trabalho e seguiu jogando golfe de forma amadora, como fazia. Ele só passou a suspeitar de um problema mais grave com a convulsão.
Durante o episódio, o braço esquerdo do professor travou e ficou imóvel, e ele não conseguia responder com clareza. “Perguntei se ele estava bem. Ele respondeu: ‘Não, não estou’”, relatou a esposa Ali em entrevista ao Daily Mail. Pouco depois, o homem desmaiou e começou a tremer violentamente.
Sintomas de câncer no cérebro
Os sintomas variam de acordo com a localização do tumor no cérebro e costumam ser progressivos. Eles podem facilmente ser confundidos com os sintomas mais comuns do AVC. Entre os mais comuns, estão:
- Dor de cabeça persistente, especialmente ao acordar ou ao se deitar.
- Náuseas e vômitos sem causa aparente.
- Convulsões em pessoas sem histórico.
- Alterações de visão, audição, fala ou equilíbrio.
- Perda de memória, confusão mental e mudanças de comportamento.
- Fraqueza em um lado do corpo.
Rápido avanço do câncer no cérebro
Glenn foi levado ao hospital, onde exames identificaram uma massa em seu cérebro. Em quatro dias, veio o diagnóstico: glioma de alto grau, tumor agressivo e fatal na maioria dos casos e que tinha se expandido por todo seu sistema nervoso. As chances de tratamento eficaz já eram mínimas nesse estágio.
Esta é uma forma de câncer cerebral rara e agressiva que só foi totalmente descrita em um estudo publicado em 2022. O tumor é resultado de mutações genéticas, incluindo a monossomia do cromossomo 13.
Mesmo após o diagnóstico, Glenn foi liberado para casa, mas as dores aumentaram. Em 25 de fevereiro, ele voltou ao hospital com perda total de movimentos no lado direito e nova hemorragia cerebral. Ali conta que o marido não queria mais visitas. “Era insuportável para ele”, diz.
Glenn será homenageado em seu campo de golfe preferido
Últimos dias com a família
Nas horas finais, Glenn deixou sinais silenciosos de despedida. “Ele tentava pegar meu anel de noivado, apertava as mãos das crianças”, contou Ali. “Colocou minha mão em seu coração. Eu sabia que ele estava partindo.” O professor morreu em 28 de fevereiro.
O impacto da perda foi sentido em toda a comunidade. Glenn passou duas décadas como diretor de esportes do Itchen College, importante centro de formação de atletas.
Alerta sobre sintomas ignorados
No Brasil, dados do Inca indicam cerca de 11 mil diagnósticos anuais de tumores do sistema nervoso central. A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) alerta que dores de cabeça intensas, convulsões e alterações de comportamento são sinais de alerta.
O presidente da SBRT, Gustavo Marta, explica que a radioterapia é fundamental no controle dos sintomas e pode ser usada como tratamento principal ou complementar à cirurgia, especialmente em tumores inoperáveis.
“Embora raros, tumores no cérebro são extremamente letais. Os sintomas podem ser confundidos com outras condições neurológicas, e sinais como perda de força, formigamentos, alterações de comportamento, crises convulsivas ou dores de cabeça persistentes e intensas devem sempre acender um alerta para a possibilidade de um tumor cerebral”, afirma Marta.
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Tumor cerebral é o termo utilizado para descrever o crescimento acelerado de células que sofreram mutações no cérebro, ou nas meninges, e que passaram a se comportar de forma errada podendo, por exemplo, causar a formação de uma massa celular
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Os tumores cerebrais podem ser benignos ou malignos. Além disso, dependendo do quanto cresçam, são capazes de destruir o tecido cerebral saudável e comprimir o restante do cérebro
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Quando maligno, o paciente passa a ser diagnosticado com câncer cerebral, que, por sua vez, costuma ser mais letal devido ao diagnóstico tardio. Geralmente, o paciente não desconfia dos sintomas iniciais e procura o médico quando a doença já progrediu
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Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa anual é de 11.090 casos de câncer no cérebro entre a população brasileira. A doença afeta, na mesma proporção, homens e mulheres
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De acordo com especialistas, tumores benignos e malignos causam sintomas semelhantes. Os malignos, entretanto, têm maior chance de se desenvolverem rapidamente, provocando maior frequência de dores, convulsões e alterações neurológicas
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Entre os principais sinais que o corpo dá quando há um tumor no cérebro está a dor de cabeça frequente. Pessoas com a enfermidade e que não costumam ter dores de cabeça podem começar a apresentar o problema de maneira recorrente. Quem já apresenta histórico deste tipo de queixa percebe piora na intensidade e aumento nas ocorrências
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A presença de um tumor cerebral também causa alteração nos cinco sentidos – tato, olfato, paladar, visão e audição. Mudanças na fala ou na capacidade intelectual, como compreensão, raciocínio, escrita, cálculo e reconhecimento de pessoas são sintomas que precisam ser investigados
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Além disso, perda visual, manchas ou visão embaçada, crises epiléticas, convulsões ou perda de equilíbrio também podem ser causadas por tumores no cérebro ou em outras partes do sistema nervoso
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As causas de tumores no cérebro ainda não estão definidas. Por enquanto, a doença é considerada multifatorial, ou seja, causada por um somatório de várias alterações genéticas
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Algumas dessas alterações são adquiridas durante a vida, por predisposição ou por exposição. Outras são hereditárias e estão presentes em algumas síndromes familiares associadas a problemas no sistema nervoso central
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O tratamento da doença dependerá da localização e do avanço do tumor. Na maioria dos casos, no entanto, quimioterapias, radioterapias, terapia-alvo e procedimentos cirúrgicos são indicados
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