O Brasil apresentou à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) um pedido para reconhecer a certificação internacional de eliminação da transmissão vertical do HIV, ou seja, de mãe para filho. A entrega do pedido foi feita nessa terça-feira (3/6), no Rio de Janeiro, durante um congresso sobre HIV e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Segundo o Ministério da Saúde, apesar do crescimento de pessoas com HIV na população geral, a taxa de transmissão vertical ficou abaixo de 2% em 2023. A incidência de HIV em crianças também caiu, atingindo menos de 0,5 caso por mil nascidos vivos — critérios técnicos que atendem aos parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a certificação.
Leia também
-
Saúde
Transmissão pela comida? Infectologista rebate mitos sobre o HIV
-
Fábia Oliveira
“Difícil”, desabafa Cauã Reymond sobre bullying por sua mãe ter HIV
-
Mundo
ONU: falta de subsídio pode gerar 2 mil novas infecções de HIV por dia
-
Saúde
Estudos avançam na busca pela cura do HIV: “Sem remédios há um ano”
Durante o evento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância simbólica do momento. “Essa conquista é fruto do trabalho incansável de profissionais da saúde, estados, municípios e da reconstrução do SUS”, ressaltou.
Melhora da testagem do HIV
O fim da transmissão vertical está entre as metas do programa Brasil Saudável, que engloba também o fim das infecções de mãe para filho de outras doenças, como sífilis, hepatite B, doença de Chagas e HTLV, até 2030.
Em 2023, a cobertura de pré-natal com pelo menos uma consulta superou 95%. O mesmo índice foi alcançado na testagem de gestantes e no tratamento das que vivem com HIV.
Na testagem, destaca-se como medida recente a adoção de testes rápidos do tipo duo, que identificam HIV e sífilis simultaneamente. A medida agiliza o diagnóstico durante o pré-natal.
A taxa de mortalidade por aids também apresentou queda na população geral. Foram 3,9 óbitos por 100 mil habitantes no último ano, o menor índice registrado desde 2013. O Ministério da Saúde credita os resultados à integração de ações e ao fortalecimento da rede pública.
13 imagensFechar modal.1 de 13
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. O causador da aids ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida
Arte Metrópoles/Getty Images2 de 13
A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids
Anna Shvets/Pexels3 de 13
Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico
Hugo Barreto/Metrópoles4 de 13
O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas
iStock5 de 13
O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais
iStock6 de 13
Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Hugo Barreto/Metrópoles7 de 13
A empresa de biotecnologia Moderna, junto com a organização de investigação científica Iavi, anunciou no início de 2022 a aplicação das primeiras doses de uma vacina experimental contra o HIV em humanos
Arthur Menescal/Especial Metrópoles8 de 13
O ensaio de fase 1 busca analisar se as doses do imunizante, que utilizam RNA mensageiro, podem induzir resposta imunológica das células e orientar o desenvolvimento rápido de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAb) contra o vírus
Arthur Menescal/Especial Metrópoles9 de 13
Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenir o HIV em grupos de risco, inclusive para pessoas que mantém relações sexuais com indivíduos com o vírus
spukkato/iStock10 de 13
O Apretude funciona com duas injeções iniciais, administradas com um mês de intervalo. Depois, o tratamento continua com aplicações a cada dois meses
iStock11 de 13
O PrEP HIV é um tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) feito especificamente para prevenir a infecção pelo vírus da Aids com o uso de medicamentos antirretrovirais
Joshua Coleman/Unsplash12 de 13
Esses medicamentos atuam diretamente no vírus, impedindo a sua replicação e entrada nas células, por isso é um método eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV
iStock13 de 13
É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo
Keith Brofsky/Getty Images
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!