As doenças neuroinvasivas são caracterizadas pela infecção de um vírus neurotrópico, que pode atingir o sistema nervoso central ou periférico e causar diversos tipos de enfermidades. Associada a arboviroses, doenças causadas por mosquitos, podem provocar a piora em quadros de dengue, chikungunya e zika e levar a outros problemas ainda mais prejudiciais como síndrome de Guillain- Barré (SGB), miosite, encefalites entre outras.
Feira de Santana registrou até agora 91 notificações de doenças neuroinvasivas, que tem afetado todas as faixas etárias. Destes, 43 foram descartados, restando 48 casos prováveis.
Ao portal Acorda Cidade, Ana Luiza Andrada de Melo, enfermeira especialista em arboviroses da secretaria Municipal de Saúde, deu detalhes das doenças neurológicas e explicou como a epidemia de dengue tem sido registrada este ano em todo o país, inclusive, em Feira de Santana.
“Em Feira de Santana a gente tem sim casos de doença neuroinvasiva, encefalite, mas o que vem se destacando são quadros de miosite”.
A miosite é uma doença que causa a inflamação dos músculos, comprometendo membros superiores e inferiores. Ela pode se manifestar por conta da infecção por dengue, mas também por outras doenças.
“Outros quadros de infecção podem levar a consequência da miosite. Ela pode ser causada por uma gripe, uma infecção gastrointestinal, por um trauma músculo esquelético. O curso aí com limitações de movimentos, fraqueza, tanto dos membros superiores como de membros inferiores, principalmente panturrilhas e coxa”, explicou Ana Luiza ao Acorda Cidade.
Se não tratada adequadamente, pode levar a paralisia dos movimentos porque acabam rompendo as fibras musculares, inclusive, chegando ao óbito do paciente.
Com o diagnóstico de dengue, por exemplo, e os sintomas de uma possível doença neuroinvasiva é preciso realizar o exame de CPK (creatinofosfoquinase), uma enzima do corpo humano que está presente nos músculos e em outros lugares do corpo, como o cérebro, o pulmão ou o coração. A presença elevada da enzima pode confirmar a enfermidade.
Além das doenças neuroinvasivas associadas a arboviroses, fatores de risco podem levar a outras enfermidades do tipo, como a hipertensão, diabete, anemia falciforme e algumas doenças autoimunes.
Para reconhecer a doença neuroinvasisva é preciso se atentar para outras doenças que o paciente também possa ter, porque os sintomas são adversos.
“O paciente pode ser acometido por sonolência, confusão mental, coma, crises epilépticas, fraqueza dos membros inferiores, superiores, visão dupla e tremores. Entre outros sinais e sintomas que se faz necessário o paciente procurar uma unidade hospitalar para ser realmente avaliado”.
Para ser diagnosticado, o paciente deve procurar uma unidade de saúde da cidade que tenham médicos infectologistas e, a depender do quadro de comprometimento do paciente, um neurologista para acompanhar.
Segundo a enfermeira, o Sistema Único de Saúde é capacitado para atender qualquer tipo de doenças neuroinvasivas.
“Os profissionais mais indicados para uma avaliação é o médico infectologista e a depender do quadro do comprometimento desse paciente, uma avaliação com o médico neurologista. Todas as unidades são capacitadas para identificar um quadro de neuroinvasivo e é necessário também a avaliação do paciente e o encaminhamento correto. Isso daí vai ser feito após essa avaliação pelos profissionais de saúde”, disse Ana Luiza.
Dengue Neurológia
Uma data que Jaciene Lacerda se recorda bem é o último dia 29 de maio. A filha dela, de 15 anos, acordou sentindo sintomas de febre, dor abdominal, dor nas articulações e dores nos olhos, os principais sinais da dengue. Como a febre não cessou, ela levou a adolescente ao pronto-socorro. Ao realizar o hemograma, percebeu que não era uma dengue simples e sim um caso de dengue neurológica.
“Ela começou com um enrijecimento e ficou com a visão com dificuldades e com movimentos involuntários. Levei novamente ao pronto-socorro onde conversando com a equipe, eles solicitaram a tomografia e alguns exames e constataram que poderia ser uma dengue neurológica. Até então eu não sabia que existia dengue neurológica. Conversando com profissionais que já tinham passado alguns pacientes, se fechou esse diagnóstico”, revelou Jaciene.
Atualmente, a filha ainda segue se recuperando, mas passa bem. Ela só conseguiu evoluir no caso, porque Jaciene agiu rápido na hidratação da menina e levando ela de imediato a unidade de saúde.
Ela ressaltou o quanto a dengue ainda é um problema sério que toda a sociedade pode ajudar a sanar.
“Vamos cuidar porque a dengue é séria. E cada dia que passa está aumentando mais os casos sendo que há muitos casos notificados, então assim que possamos estar limpando nosso quintal, não estarmos jogando, descartando copos, algo que possa acumular água”.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade