Há quem siga uma alimentação equilibrada, treina com frequência, dorme bem — mas a balança simplesmente não colabora. Se esse é o seu caso, a resposta pode estar além da força de vontade ou da contagem de calorias: o problema pode ser hormonal.
Segundo o médico Valdecy Neto, especialista em nutrologia, distúrbios hormonais silenciosos estão entre os principais responsáveis pela dificuldade em perder peso, mesmo entre pessoas com hábitos saudáveis.
“Em muitos casos, o paciente chega ao consultório frustrado, dizendo que já tentou de tudo. Ao investigar melhor, encontramos alterações hormonais que comprometem o metabolismo e favorecem o acúmulo de gordura”, explica Neto.
Entre os hormônios mais frequentemente envolvidos estão a insulina, o cortisol, a testosterona e o estradiol. Eles atuam diretamente no metabolismo, na fome, no gasto calórico e no armazenamento de gordura.
Insulina
Esse hormônio é essencial para o controle da glicose no sangue, mas, em excesso, acaba promovendo o acúmulo de gordura abdominal. “Quando os níveis de insulina estão elevados, o organismo entra em modo de estoque, e não de queima. Mesmo comendo pouco, a pessoa não consegue emagrecer porque a gordura não é acessada como fonte de energia”, explica o médico.
Cortisol
Conhecido como o “hormônio do estresse”, também pode atrapalhar o processo. “Quando está cronicamente elevado, o cortisol aumenta o apetite, especialmente por doces e carboidratos. Isso não só favorece o ganho de peso, como dificulta ainda mais a perda”, diz Valdecy Neto.
Testosterona
Nos homens, a queda da testosterona é outro fator que contribui para o aumento da gordura corporal. “A testosterona é fundamental para o ganho de massa muscular, o que acelera o metabolismo. Quando ela está baixa, fica mais difícil manter a massa magra e o corpo passa a acumular mais gordura”, afirma.
Estradiol
Já nas mulheres, especialmente durante o climatério e a menopausa, a redução do estradiol afeta diretamente o metabolismo. “O estradiol ajuda a controlar o apetite e a queima de gordura. Quando ele cai, a tendência é acumular gordura, principalmente na região abdominal”, completa.
Para o especialista, o segredo de um emagrecimento eficaz e duradouro está em olhar o corpo de forma integrada. “Não adianta só cortar calorias e se matar na academia. O tratamento precisa ser individualizado, com base em exames, histórico clínico e no equilíbrio hormonal. Só assim é possível tratar a causa do problema, e não apenas os sintomas”, conclui.