Como separar a vida pessoal da profissional para evitar ter um burnout

No documentário Larissa: O Outro Lado de Anitta, a cantora expôs uma dualidade que muitas pessoas vivem diariamente: a separação entre sua identidade profissional e pessoal. Enquanto nos palcos e na frente das câmeras ela assume a persona de Anitta, em sua intimidade ela se reconecta com Larissa, seu eu mais autêntico. Mas até que ponto essa divisão é saudável? Para entender melhor sobre crise de ansiedade, conversamos com dois especialistas.

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Segundo a psiquiatra Silvia Marchant Gomes, a crise de identidade ocorre quando o indivíduo começa a questionar seus valores e rotinas, geralmente desencadeada por eventos marcantes. “Pode ser suscitado por uma crise conjugal, no trabalho, pela perda de um ente querido, enfim, algo que transforme sua rotina de vida”, explica.

O psicólogo Matheus Karounis destaca que, do ponto de vista neurobiológico, essa crise representa uma desintegração da percepção coerente do self. “Isso envolve um enfraquecimento da integração entre diferentes regiões cerebrais responsáveis pela construção da identidade pessoal”, esclarece.

A psiquiatra afirma que a crise de identidade é comum, principalmente em momentos de transição como aposentadoria, separações e perdas significativas.

Nos jovens, ela ocorre de forma evolutiva, especialmente na adolescência, período em que “o jovem está descobrindo quem é e os modelos que deseja introjetar”, explica Silvia.

Karounis complementa que essa crise pode se manifestar em diferentes grupos. “Profissionais altamente engajados no trabalho podem perder o senso de si mesmos fora do contexto profissional”, afirma.

Profissional X pessoal

Com a crescente valorização da imagem profissional, muitas pessoas sentem que precisam assumir uma persona distinta no ambiente de trabalho. No entanto, segundo a psiquiatra, isso não significa necessariamente um transtorno de identidade.

“Não exatamente uma personalidade, pois isso poderia configurar um adoecimento, mas o uso do termo ‘avatar’ ou ‘máscara’, sim. Isso pode ser um mecanismo de defesa saudável, desde que o indivíduo não perca sua identidade”, alerta.

O psicólogo ressalta que essa separação pode se tornar problemática quando há um grande esforço emocional para manter as duas identidades distintas. “Isso gera sentimentos de alienação, inautenticidade e dificuldade em se conectar com os outros”, analisa.

Os impactos psicológicos e sinais de alerta

Quando essa divisão se torna extrema, os impactos na saúde mental podem ser severos. A psiquiatra destaca que o adoecimento pode levar a estados depressivos e condutas impulsivas que geram arrependimento. “Se há a necessidade desse subterfúgio para se sentir bem, recomendo sempre acompanhamento psicoterápico“, aconselha.

Karounis acrescenta que essa separação entre identidades pode causar ansiedade, estresse, burnout e até depressão. “Os sintomas mais comuns incluem flutuações emocionais, impulsividade, evitar encontros sociais e até sintomas físicos como dores de cabeça e tensão muscular”, afirma.

5 imagensCrise de identidadeO suicídio é a terceira causa de morte mais comum entre jovens de 15 a 19 anosCuide da saúde mental e autoestima: não tenha em si mesmo um adversário.É preciso aprender a lidar com medos, limites e adversidades que podem surgir na rotina de estudosFechar modal.1 de 5

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 700 milhões de pessoas sofrem com transtornos psicológicos em todo o mundo

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Crise de identidade

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O suicídio é a terceira causa de morte mais comum entre jovens de 15 a 19 anos

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Cuide da saúde mental e autoestima: não tenha em si mesmo um adversário.

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É preciso aprender a lidar com medos, limites e adversidades que podem surgir na rotina de estudos

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Quando buscar ajuda?

Os especialistas concordam que a busca por apoio profissional deve ser feita assim que a pessoa sentir que está enfrentando dificuldades para conciliar suas identidades e que isso afeta sua qualidade de vida.

“O adoecimento pode comprometer a capacidade do indivíduo de lidar com os desafios da vida, levando a padrões de perdas e frustração. Sempre é necessário buscar um profissional”, reforça Silvia Marchant Gomes.

O psicólogo finaliza com um alerta: “Se não tratada, essa crise pode resultar em burnout, problemas crônicos de saúde mental, isolamento social e dificuldade em encontrar satisfação e propósito na vida”.

No fim, para artistas como Anitta ou para qualquer profissional que lida com essa dualidade, o equilíbrio entre o eu pessoal e profissional é essencial para o bem-estar emocional, afirmam os especialistas.

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