O delegado da Polícia Federal (PF) Braulio do Carmo Vieira afirmou que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para uma live, em julho de 2021, que apontou “fraudes” nas urnas eletrônicas.
Vieira depõe, na manhã desta terça-feira (27/5), como testemunha de defesa de Torres no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado, em audiência conduzida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Servidor da PF, Vieira atuava no ministério chefiado por Torres. Ele contou que o ex-ministro foi convocado por Bolsonaro para participar de uma live — àquela época ocorriam tradicionalmente às quintas-feiras, conduzidas por Bolsonaro. “Houve uma convocação do presidente da República [para participar da live]. Houve desconforto pelo desconhecimento técnico do tema. Ele pediu a assessores que buscassem documentos sobre o tema [da live]”, apontou o delegado.
O documento foi elaborado, segundo Vieira, por peritos da PF e lido por Torres durante a live. Bolsonaro disse que, finalmente, naquela live, apresentaria “provas” de possibilidade de “fraude” na urna eletrônica usada nas eleições no Brasil.
Ao longo da audiência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou se o material repassado a Torres continha informações capazes de questionar o processo eleitoral brasileiro. Vieira salientou que não foi ele quem repassou os documentos e que não atuou diretamente para repassar o material ao Torres.
“Eu não passei. Quem passou foi a assessoria direta dele. Houve essa ausência de capacidade técnica do Anderson, e os assessores passaram esse doc. Eu lembro da live, mas não li com profundidade”, contou. “Não li o documento. Só vi na live”, complementou o delegado.