Big techs perdem US$ 2,66 trilhões desde a posse de Trump

Só o valor de mercado da Tesla, de Elon Musk, caiu 32,9% de 20 de janeiro até 6ª feira (25.abr)

“Magnificent Seven”, grupo das 7 gigantes do setor de tecnologia, perdeu US$ 2,66 trilhões em valor de mercado desde a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), em 20 de janeiro. Trata-se de um recuo de 15% até o fechamento de 6ª feira (25.abr.2025).

O valor de mercado total das big techs é de US$ 15,06 trilhões. Quando Trump assumiu o novo mandato, era de US$ 17,72 trilhões. Em 29 de abril, o governo do republicano completará 100 dias.

O maior tombo foi da Tesla, de Elon Musk: o valor de mercado encolheu 32,9%. A perda registrada desde 20 de janeiro foi de US$ 451 bilhões.

Musk lidera o Doge (Departamento de Eficiência Governamental), criado pelo governo Trump. A Nvidia perdeu US$ 664 bilhões (recuou 19,7%).

Os dados são de Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta.

O valor de mercado das empresas listadas nos Estados Unidos caiu US$ 3,2 trilhões no período. No fechamento desta 6ª feira (25.abr), o total acumulado é de US$ 57,49 trilhões ante US$ 60,73 trilhões em 20 de janeiro.

 TRUMP E A ECONOMIA

Donald Trump foi eleito com a promessa de lidar com os problemas econômicos do ex-presidente Joe Biden (Partido Democrata). O democrata teve taxas ruins na inflação, que atingiu pico de 9,1% em junho de 2022, o que levou ao aumento da taxa de juros e à diminuição do poder de compra.

A política econômica do republicano durante os primeiros 100 dias na Presidência teve como foco 2 aspectos principais: diminuir gastos públicos e taxar importações estrangeiras.

O principal agente no impacto às big techs foi o tarifaço de Trump. O presidente norte-americano anunciou no “Liberation Day”, em 2 de abril, tarifas de pelo menos 10% –base para todos os parceiros comerciais dos EUA, incluindo o Brasil. As tarifas acima desse percentual foram pausadas por 90 dias em 9 de abril.

O maior embate comercial de Washington D.C. foi com a China, visto que o país asiático retaliou os norte-americanos. Os 2 países passaram a estabelecer tarifas cada vez maiores, até que os EUA decidiram impor taxas de até 245% para as importações chinesas.

Segundo o republicano, o objetivo das tarifas é reduzir o deficit comercial dos EUA com outros países. Em 2024, o saldo negativo atingiu aproximadamente US$ 1,2 trilhão.

Trump também busca fortalecer o mercado interno, além de reduzir a dependência de importações. As medidas do presidente dos EUA, no entanto, criaram um impacto nas empresas por encarecer o valor de componentes na cadeia de produção.

Um iPhone, por exemplo, tem itens produzidos fora dos EUA, como câmeras do Japão, tela da Coreia do Sul e bateria e carcaça da China.

A taxação para todos esses países amplia o custo para a empresa –neste caso, a Apple–, que deve repassar o valor adicional para manter a margem atual de lucro.

AMIGOS, AMIGOS, NEGÓCIOS À PARTE

Muitas das companhias que tiveram perdas significativas são de executivos presentes na posse do republicano, como Elon Musk, da Tesla, Tim Cook, da Apple, e Jeff Bezos, da Amazon.

Os principais magnatas da tecnologia esperavam uma melhora no setor neste início do governo Trump com uma redução nos impostos corporativos, mas observaram um aumento de custos em toda sua produção.

A perda mais simbólica é de Musk por estar à frente do Doge. O empresário viu o lucro de sua empresa de veículos elétricos cair 70% antes mesmo da taxação de 2 de abril.

Musk se envolveu em diversos problemas com o governo Trump depois de cortar gastos com agências humanitárias. O dono da Tesla também apoiou a candidatura de direita da AfD (Alternativa para a Alemanha), o que levou a problemas com a UE (União Europeia) e resultou em queda de vendas no continente.

Apesar de ser próximo de Musk, Trump atrapalhou os negócios da Tesla de diversas formas. Além das tarifas para a China, país que abriga grande parte da produção da montadora, o republicano assinou um decreto que acabava com isenções fiscais a carros elétricos nos EUA logo no 1º dia de mandato.

Outro que se aproximou de Trump, mas não recebeu o favor em valor de sua empresa, foi Mark Zuckerberg. O CEO da Meta tinha um histórico de atritos com o presidente norte-americano até as eleições de 2024, quando anunciou que retiraria o sistema de checagem de fatos do Instagram e Facebook para “restaurar a liberdade de expressão”.

Trump elogiou a decisão de Zuckerberg, que favoreceu o discurso do republicano sobre censura do antigo governo Biden. Sob o presidente, no entanto, a Meta perdeu US$ 160 bilhões.

Grande parte da renda do Facebook e Instagram vem de anunciantes chineses, afetados com as tarifas impostas por Trump.

Jeff Bezos também aproximou seu discurso do republicano ao impor restrições no jornal que é dono, Washington Post. Os produtos do cofundador da varejista Amazon, porém, dependem majoritariamente da produção chinesa.

Com o tarifaço, Trump busca incentivar a instalação de empresas nos EUA, aumentar empregos e diminuir os preços no próprio país. Contudo, a tendência é de um custo maior com salários, direitos trabalhistas, transferência de produção e construção de fábricas.

Há, ainda, o tempo que leva para que as mudanças se concretizem. Trump chegou a anunciar isenções que aliviaram as companhias, mas não solucionam os problemas com componentes e a produção de tais empresas.

Também há um temor de que essas medidas resultem em uma recessão global.


Esta reportagem também foi produzida pelo estagiário de jornalismo Levi Matheus sob supervisão da redatora Aline Marcolino. 

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