A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) afastou, nesta segunda-feira (7), as equipes de arbitragem que atuaram nos jogos entre Sport e Palmeiras, na Ilha do Retiro, e Internacional e Cruzeiro, no Beira-Rio, válidos pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. A medida foi tomada com base em avaliação do Comitê Consultivo de Especialistas Internacionais (CCEI), que apontou erros nas decisões tomadas nas partidas.
Segundo a CBF, os profissionais afastados passarão por um período de reciclagem e receberão novas instruções antes de voltarem a ser escalados. A comissão não definiu um prazo para o retorno.
O coordenador-geral da Comissão de Arbitragem, Rodrigo Cintra, explicou que a decisão se deu após análise técnica das jogadas que geraram reclamações por parte das equipes envolvidas.
“Infelizmente, existem momentos de instruir, coibir e também de afastar. Neste momento, a Comissão de Arbitragem afasta para instrução as equipes das partidas em que, na visão do CCEI, houve equívocos”, declarou Cintra.
Lances em Recife e Porto Alegre motivaram análise
No confronto realizado em Recife, o árbitro Bruno Arleu de Araújo assinalou pênalti para o Palmeiras aos 42 minutos do segundo tempo, após toque de Matheus Alexandre em Raphael Veiga. A decisão foi confirmada pelo árbitro de vídeo Rodrigo Nunes de Sá, que não recomendou revisão da jogada. O gol garantiu a vitória por 2 a 1 para o time paulista.
Em Porto Alegre, o árbitro Marcelo de Lima Henrique expulsou Jonathan Jesus, do Cruzeiro, aos 20 minutos do primeiro tempo, após falta cometida sobre Wesley. A jogada gerou protestos da equipe mineira. O árbitro havia sinalizado inicialmente o cartão amarelo, mas alterou a decisão para vermelho direto.
“O defensor está atrás da linha da bola, ele não tem mais condições de disputar essa bola com esse jogador. Tem proximidade, tem domínio, e só tem o goleiro à frente”, explicou o árbitro sobre a decisão de campo.
Comissão de Arbitragem busca alinhamento entre campo e VAR
Rodrigo Cintra afirmou que o objetivo do afastamento não é punitivo, mas formativo. “O afastamento não é simplesmente uma punição vazia, é para podermos cuidar dos árbitros, instruí-los e que, na sequência, não haja mais equívocos nesse sentido, colocando o VAR e o árbitro de campo em sintonia”.
A equipe de arbitragem na partida entre Sport e Palmeiras contou com Bruno Arleu de Araújo, Rodrigo Nunes de Sá, Rodrigo Figueiredo Henrique Correa, Thiago Henrique Neto Correa Farinha, Afro Rocha de Carvalho Filho, Diogo Carvalho Silva e Adriano Barros Carneiro.
Na partida entre Internacional e Cruzeiro, atuaram Marcelo de Lima Henrique, Daiane Muniz, Nailton Junior de Sousa Oliveira, Renan Aguiar da Costa, Luciano da Silva Miranda Filho, Amanda Matias Masseira e Rodrigo Carvalhaes de Miranda.
CBF inicia nova fase de treinamentos
A CBF anunciou que árbitros e assistentes da Série A do Campeonato Brasileiro passarão a realizar treinamentos a partir do dia 14, no Clube da Aeronáutica (CAER) e no Centro de Excelência da Arbitragem Brasileira (CEAB), ambos localizados no Rio de Janeiro. A medida faz parte do plano de profissionalização do setor.
A estrutura prevista inclui espaço para treinamentos práticos e equipamentos de VAR, que serão utilizados para simulações e análises de lances. Segundo a CBF, a iniciativa foi planejada ainda em fevereiro como parte de um esforço de qualificação.
O anúncio ocorreu após a publicação de uma reportagem da revista Piauí, que apontou gastos da CBF com parlamentares, integrantes do Judiciário e artistas, além de aumento de salários de presidentes de federações estaduais.
Corte de despesas e projetos anteriores
A CBF suspendeu passagens aéreas e hospedagens para árbitros da Série A, que participavam quinzenalmente de treinamentos físicos em um clube do Rio de Janeiro. As avaliações passaram a ocorrer por videoconferência, sob justificativa de restrições orçamentárias.
A mudança ocorreu paralelamente à proposta apresentada pelo então presidente da Comissão de Arbitragem, Wilson Luiz Seneme, que previa a criação de um centro de treinamento exclusivo. A estrutura contaria com refeitório, alojamento e campos monitorados por câmeras para simulações.
O projeto incluía ainda a criação de uma escola de árbitros. Os programas, estimados em R$ 60 milhões, foram aprovados pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Seneme, no entanto, foi desligado após críticas ao desempenho da arbitragem na temporada anterior.