Belo Horizonte — É comum encontrar mulheres que se queixam de ganho de peso depois dos 45 anos. A silhueta se transforma, o corpo ganha uma forma nova e emagrecer parece cada vez mais difícil. Embora essas mudanças sejam muitas vezes associadas simplesmente à idade, a explicação pode estar nas alterações hormonais que acontecem com a menopausa. “A menopausa faz a paciente perder massa muscular e ganhar gordura com maior facilidade. As abordagens para evitar complicações pelo ganho de peso são muito importantes”, conta o endocrinologista Marcelo Ronsoni, médico do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital Universitário da UFSC. Segundo Ronsoni, mais do que ganhar peso, as mulheres sofrem mudanças na composição corporal. A redução dos níveis de estrogênio (hipoestrogenismo) leva ao aumento da gordura visceral, a que se acumula na barriga, em torno de órgãos como fígado, pâncreas e intestinos.
“Quando há o hipoestrogenismo, vemos uma mudança importante do padrão do corpo. A gordura que estava no quadril e membros inferiores começa a se modificar e acumular no abdômen como gordura visceral”, explicou o médico durante o 21º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, que ocorreu em Belo Horizonte (MG) entre os dias 29 e 31 de maio.
Esse processo também faz com que a mulher sofra alteração na sensibilidade à insulina e corra maior risco de desenvolver diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Isso porque o tecido gorduroso visceral é mais inflamatório.
Quanto vou engordar na menopausa?
Cada mulher atravessa a menopausa de forma diferente, mas estudos mostram um ganho médio de aproximadamente 500 gramas de peso por ano após a menopausa. A redução da massa muscular começa cerca de dois anos antes ou após a última menstruação. “Muitas vezes, a paciente chega ao consultório com ciclos regulares, faz atividade física, mas vê respostas diferentes do corpo aos exercícios. Isso pode ser um indício de que o climatério já está acontecendo”, sugere Ronsoni.
Como evitar o ganho de peso?
As mulheres e seus médicos devem ficar atentos às mudanças nos padrões de ganho de massa muscular e na perda dos músculos, bem como no ganho de gordura para prevenir maiores prejuízos. Mudanças no estilo de vida, com o compromisso em incluir exercícios físicos na rotina e melhorar a alimentação, são essenciais nesse processo. “Se elas não fazem, esse é o momento de começar a fazer exercícios resistidos de forma mais intensa. As que já praticam vão ter que aumentar a resistência, carga e o padrão porque vão precisar de reserva muscular nesse período”, conta o médico.
Mais fome e dificuldade para dormir
O estrogênio é um hormônio importante para o sistema nervoso central. Ele regula a vontade de comer, o gasto energético e a captação de ácidos graxos livres na gordura que está abaixo da pele. Quando acontece o hipoestrogenismo, as mulheres sofrem alterações na sensação de saciedade e fome e, consequentemente, ingerem mais calorias. Além disso, elas sofrem mudanças no padrão do sono por causa dos fogachos, com sono entrecortado, noites mal dormidas e acordam mais cedo. Segundo Ronsoni, o ideal seria ter pelo menos sete horas de sono para reduzir o risco de aumento de peso. Um estudo com mais de 68 mil mulheres mostrou que as participantes que dormiam menos de cinco horas por dia tinham um risco maior de ganhar mais do que 15 quilos ao longo da pesquisa, quando comparadas às que dormiam mais de sete horas por noite.
“É importante estimular essa paciente a ter hábitos saudáveis. Ela precisa saber que a mudança corporal vai acontecer e que a alimentação e o sono são importantes, assim como fazer atividade física para não perder massa muscular ou perder o mínimo possível”, afirma Ronsoni.
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