Doença infectocontagiosa, a meningite é uma inflamação das membranas que recobrem o sistema nervoso central, cérebro e a medula espinhal e que pode evoluir para quadros graves. Segundo avaliação do Ministério da Saúde, a doença é considerada endêmica no Brasil, o que significa que é possível notificar novos casos durante todo o ano. No entanto, as bacterianas são mais comuns no outono-inverno, enquanto as virais ocorrem mais na primavera e no verão.
Neurologista e professor do curso de Medicina da UNIFACS, Felipe Costa alerta para as formas de contágio da doença. “A meningite é extremamente contagiosa, e a forma mais comum de transmissão se dá pelo ar, através de gotículas de saliva, pelas secreções contaminadas e, também, por objetos contaminados. Além disso, por meio de lesões na pele ou infecções de outras regiões”, alerta o especialista ao lembrar que há três tipos mais comuns de meningite: viral, bacteriana e a fúngica.
A forma bacteriana é mais grave e com maior potencial de complicações e óbito, sendo provocada por meningococo, pneumococo e a haemophilus, por exemplo. Já a meningite viral, causada principalmente pelos enterovírus, ocorre com mais frequência, porém com o menor potencial de complicações. A doença em sua forma fúngica é mais rara e, geralmente, associada a doenças de base que comprometem a imunidade.
“É importante destacar que, embora existam tipos de meningites que não evoluem de forma grave, drástica, ao identificar qualquer um dos sintomas característicos da doença é preciso atenção e tratamento precoce para evitar complicações agudas e tardias. Prevenir e diagnosticar precocemente é fundamental”, salienta o médico neurologista.
Principais sintomas
Felipe Costa explica que, no geral, os principais sintomas da meningite são: febre alta e dor de cabeça de forte intensidade. Também podem ser acompanhados de náuseas e vômitos, rigidez da nuca, irritabilidade, manchas na pele e crises convulsivas. “Quando citamos as fortes dores de cabeça, são aquelas que fogem de uma pequena dor, que logo passa. Ela permanece incomodando e, muitas vezes, por dias. Essa mudança na intensidade da dor insistente é um sinal de alerta, não só para a meningite como para outras doenças. Estamos falando de uma doença de rápida evolução, ou seja, os indícios vão aumentando e se agravando com o passar das horas e, se não diagnosticada e tratada rapidamente, pode gerar sequelas e até a morte”, frisa.
Prevenção
A medida de proteção mais efetiva de prevenção é a vacinação, acompanhada dos cuidados pessoais e de higiene, como lavar as mãos com frequência e evitar o compartilhamento de objetos de uso pessoal, bem como a limpeza frequente de ambientes comuns. Além disso, medidas epidemiológicas de identificação precoce de casos, notificação e isolamento de doentes e contactantes, que podem receber medicações profiláticas, também são importantes e efetivas.
“Em pessoas que apresentam suspeita da doença, é fundamental o isolamento juntamente com o uso de máscara, e o encaminhamento dela para um atendimento médico com urgência. Retorno a pontuar que a meningite é uma doença grave, que pode evoluir rapidamente, em poucas horas a pessoa pode piorar”, reitera o professor de Medicina da UNIFACS.
Tratamento
O tratamento para meningite depende do agente causador da infecção. São recomendados antibióticos para bactérias, antiviral para vírus e antifúngico para fungos. Tão ou mais importante quanto os tratamentos específicos é o monitoramento e controle de lesões neurológicas. Por isso, deve ser realizado em ambiente hospitalar, por equipe experiente. O sucesso do resultado depende do diagnóstico rápido e correto.
Diagnóstico
O diagnóstico da meningite é feito pela análise do líquor, líquido presente entre as meninges e as estruturas do sistema nervoso central e que serve para protegê-los de impactos. O líquido é coletado através de uma punção lombar, realizada sempre por um profissional médico habilitado. Na análise são avaliadas características físicas e bioquímicas, como o aspecto do líquido e a quantidade de proteínas, características citológicas, como a presença de células do sangue (hemácias) e de defesa (leucócitos) e a presença de bactérias, com sua posterior identificação.
Vacinação
Existem três tipos de vacina contra o principal causador de meningite, o meningococo. Elas são específicas para alguns sorotipos e, portanto, podem ser utilizadas conforme a incidência de faixa etária ou mesmo na vigência de surtos específicos. São elas: Vacina meningocócica C conjugada; Vacina Meningocócica conjugada quadrivalente – ACWY; Vacina meningocócica B. Além disso, existem vacinas contra outros agentes causadores de meningite, como o Haemophilus influenzae tipo b, pneumococo e o bacilo da tuberculose.