Um estudo realizado por pesquisadores norte-americanos e brasileiros revelou que é possível medir o consumo de alimentos ultraprocessados de uma pessoa de forma mais objetiva, pela análise de moléculas encontradas no sangue e na urina. A nova técnica pode ajudar a entender melhor a relação entre a dieta e a ocorrência de doenças crônicas, como diabetes e câncer.
Os alimentos ultraprocessados são produzidos industrialmente com aditivos químicos, emulsificantes, aromatizantes e conservantes. Iogurtes adoçados, pães de forma, salgadinhos, fast food e refrigerantes são alguns exemplos deles. O consumo excessivo é relacionado a um risco maior de desenvolvimento de doenças.
Na nova pesquisa, publicada na terça-feira (20/5) na revista Plos Medicine, os cientistas destacam que os estudos anteriores sobre o consumo de ultraprocessados são baseados no autorrelato dos voluntários, podendo ser um tanto imprecisos.
Conhecendo o potencial dos exames de sangue e de urina para analisar produtos excretados, eles aperfeiçoaram a técnica acrescentando mais de mil metabólitos que são produzidos quando o corpo converte alimento em energia.
Pesquisadores expandem amostragem e analisam resultados
Os cientistas avaliaram amostras de sangue e urina de 718 pessoas saudáveis, com idades entre 50 e 74 anos, coletadas de 2012 a 2013. Durante um ano, os participantes registraram tudo o que haviam consumido no dia anterior. Em seguida, os pesquisadores rotulavam cada alimento ingerido pelos voluntários como ultraprocessado ou natural.
A equipe utilizou uma técnica de aprendizado de máquina para atribuir a cada participante uma pontuação para a quantidade de ingestão diária de energia derivada de alimentos ultraprocessados.
Em média, 50% da energia diária dos participantes tinham como fonte os ultraprocessados, variando de 12% a 82% entre os indivíduos. Quem consumia mais alimentos ultraprocessados também ingeria mais carboidratos simples, açúcares adicionados e gorduras saturadas, e menos proteínas e fibras.
Outro dado preocupante foi que metabólitos associados ao risco de diabetes tipo 2 apareceram em maior quantidade nas amostras de quem comia mais ultraprocessados. Durante as análises também foram encontradas moléculas derivadas de alguns tipos de embalagens de alimentos.
Agora, a equipe do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos quer testar a nova ferramenta em populações mais jovens e com dietas mais variadas, aprimorando a técnica e buscando compreender melhor a relação entre alimentos ultraprocessados e câncer, por exemplo.
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