A caderneta de poupança registrou mais um mês de retirada líquida em abril, com saques superando os depósitos em R$ 6,4 bilhões, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Banco Central. Trata-se do quarto mês consecutivo de saldo negativo, em um cenário de juros elevados que favorece aplicações mais rentáveis.
Durante o mês, os brasileiros depositaram R$ 349,6 bilhões na poupança, mas sacaram R$ 356 bilhões. Os rendimentos creditados somaram R$ 6,5 bilhões, e o saldo total da poupança permanece acima de R$ 1 trilhão.
No acumulado de 2025, a poupança já contabiliza R$ 52,1 bilhões em saques líquidos. A última vez em que houve entrada líquida foi em dezembro de 2024, com um superávit modesto de R$ 5 bilhões. No restante do ano passado, os saques também superaram os depósitos, resultando em uma saída líquida de R$ 15,5 bilhões.
Juros altos e perda de atratividade
A principal razão para a debandada dos investidores da poupança é a alta da Selic, a taxa básica de juros, que chegou nesta semana a 14,75% ao ano após a sexta elevação consecutiva promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Com os juros em níveis elevados, aplicações como CDBs, Tesouro Direto e fundos de renda fixa se tornam mais vantajosas do que a poupança, que rende menos.
Em comunicado recente, o Copom não sinalizou mudanças na política de juros para o curto prazo, destacando o cenário de incertezas globais e pressões inflacionárias internas, especialmente sobre alimentos e energia.
Analistas do mercado projetam que a Selic deve continuar nesse patamar ao longo de 2025, o que tende a manter a poupança como uma opção menos atrativa para os investidores.