Dívida Pública Federal ultrapassa R$ 7,5 trilhões pela primeira vez, pressionada por juros altos

Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo

Pela primeira vez na história, o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) ultrapassou a marca de R$ 7,5 trilhões. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Tesouro Nacional, o valor saltou de R$ 7,492 trilhões em fevereiro para R$ 7,508 trilhões em março — um aumento de 0,22%. O avanço foi impulsionado principalmente pela apropriação de juros, reflexo direto da Taxa Selic em patamares elevados.

A alta ocorre mesmo após o Tesouro resgatar R$ 52,99 bilhões a mais do que emitiu no mês passado, principalmente em títulos atrelados à Selic. No entanto, a correção de juros somou R$ 74,09 bilhões, o que elevou o estoque da dívida.

Apesar do recorde, o total ainda está dentro da meta anual. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), a expectativa é que a DPF encerre 2025 entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões.

Composição da dívida muda com vencimentos

Com o vencimento expressivo de papéis atrelados à Selic, a participação desse tipo de título na composição da dívida caiu de 47,77% para 46,38%. Já os papéis prefixados — considerados mais previsíveis — aumentaram de 20,54% para 21,51%. A fatia de títulos corrigidos pela inflação também subiu, de 27,51% para 28,01%.

Os títulos vinculados ao câmbio (incluindo a dívida externa) reduziram ligeiramente sua participação, passando de 4,18% para 4,11%, permanecendo dentro da faixa estimada pelo PAF (entre 3% e 7%).

Prazo da dívida e perfil dos credores

O prazo médio da DPF também teve leve crescimento, passando de 4,08 para 4,12 anos, o que indica maior confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar seus compromissos.

As instituições financeiras continuam como principais detentoras da dívida interna, com 30,5% do estoque. Em seguida estão os fundos de pensão (24,1%) e os fundos de investimento (21,5%). A participação de investidores estrangeiros, que vinha crescendo, caiu de 9,7% para 9,6% em março.

O colchão da dívida pública — reserva usada para enfrentar períodos de forte vencimento ou incerteza — recuou de R$ 889 bilhões para R$ 869 bilhões. A reserva atual cobre 6,72 meses de vencimentos, diante de R$ 1,404 trilhão em títulos que vencem nos próximos 12 meses.

A escalada da dívida reforça a pressão sobre o governo para manter um ambiente fiscal equilibrado, principalmente diante da alta dos juros e da desaceleração da economia.