Além da grande polêmica gerada entre os deputados que participaram da votação da Reforma Tributária, que agora tramita no Senado, a inclusão dos carros elétricos entre os itens que serão taxados pelo Imposto Seletivo – chamado de Imposto do Pecado – também desagrada a indústria. Conforme o gerente executivo de Desenvolvimento Industrial da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Marcus Verhine, a decisão parece “contraditória”.
“O Imposto Seletivo, previsto na Reforma Tributária, visa tributar produtos que causam impactos negativos à saúde e ao meio ambiente. Os veículos elétricos, como os que serão produzidos pela BYD na Bahia, ao contrário, são menos poluentes, pois reduzem as emissões de CO² no transporte. Para a Bahia, que está despontando como um novo polo de produção de veículos elétricos, mais tributos podem representar um incentivo a menos nos investimentos desta cadeia, que começa a se estruturar no estado”, explicou, em entrevista ao Portal M!.
Especialista aponta impacto negativo da inclusão
O especialista em automóveis e empresário do segmento de veículos há mais de 20 anos, Anderson Magalhães, conversou com o Portal M! e enfatizou o impacto negativo da tributação sobre os carros elétricos. Segundo ele, um dos problemas é que o imposto chega em um momento em que a indústria ainda está se formando.
“É negativo e preocupante nesse momento por alguns motivos. O primeiro deles é que o número absoluto da representatividade dos carros elétricos aqui ainda é muito pequeno. Você tem ainda uma indústria se instalando, se adequando, então são carros novos. Você tem um índice muito baixo de descarte ou praticamente zero, porque os carros começaram a ser vendidos recentemente e as baterias têm aplicada aos carros uma garantia de oito anos. Significa que, dentro desse prazo, a indústria é responsável por trocar, substituir bateria, descartar, enviar de volta, por exemplo, à China, que é onde você hoje encontra descarte correto”, explicou.
Outro ponto alertado pelo especialista foi para uma possível “barreira” criada em função das tributações. “Essas barreiras que estão sendo criadas agora vão restringir que as marcas que vão entrar se mantenham. E outras que viriam, tantas outras, por exemplo, do mercado automotivo chinês, que estavam para vir para o Brasil, já repensem a sua operação”, alertou.
Por conta disso, Magalhães acredita que as indústrias deveriam contar com um “tempo maior” para se adequar. “Criar capacidade instalada e daí sim, aplicar regras e tributações diferenciadas para esse segmento, porque você já teria o público tendo um consumo mais linear desse produto. [Assim], você poderia sobretaxar ele e ter uma condição que favorecesse o estado nesse sentido”, sugeriu.